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“Somos todos muito consumistas, mas no rap isso é extremamente visível”. Confira nossa entrevista com o CHS

Nascido no caos, o ” escritor de arte e designer de rimas”, alcunha a qual CHS gosta de referir-se, lançou o segundo projeto em carreira solo, Tudo Pode Acontecer. Com doze faixas e participações de Juyé, Akira Presidente, BK, SIQ e Torres, o projeto tem direção musical de El Lif Beatz e mixagem/masterização de Arthur Luna.

O RAP RJ teve acesso exclusivo ao material e traz agora uma super entrevista para você saber mais detalhes sobre o disco.

Este é um disco com uma variação de sonoridades e melodias mais ampla do que o seu repertório apresentou aos fãs até hoje. Como você vê essa evolução na sua música?

– Nesse disco, tentei mostrar o máximo da minha capacidade de criar sons diferentes. Sair da zona de conforto, abordar temas e melodias diferentes. Acho que vou conseguir surpreender o público, essa é minha maior intenção.

Por causa da referência ao GZA, você se sente pressionado de alguma forma a manter o mesmo nível de Liquid Swords, ou pelo menos chegar perto? Por que a escolha desta referência?

– A referência ao Liquid Swords foi mais pela capa, pela identidade visual, já que meu disco tem muitos sons com estilos diferentes. A respeito das letras e vivências, acho que o GZA real foi uma referência, mas em questão de sonoridade, meu disco sai um pouco da curva (risos).

Qual a importância das ruas no seu processo criativo? O que te inspira ao andar pela cidade?

– As ruas já me influenciaram bem mais, hoje tô perto dos 30 anos, meu segundo filho acabou de nascer, continuo morando nos mesmos bairros, mas em situações diferentes, com preocupações diferentes (risos). Hoje em dia, minha perspectiva da cidade é outra.

O projeto traz a participação de SIQ e Torres, dois artistas não tão conhecidos pelo público. Como você conheceu o som de ambos?

– Conhecia o Torres já de um tempo, quando fizemos a PodeFala Tour juntos e também vários outros shows. É meu mano já de um tempo. A situação desse som foi que um dia eu estava no estúdio da Mind Records e aí eu conheci o SIQ, que tava com o Torres e o Mind (produção da faixa Futura Ex) e aí resolvemos fazer um som. Essa música foi feita em uma hora e meia, tanto o Beat quanto a letra.

Neste disco, você trabalhou com Arthur Luna, engenheiro de som vencedor do Grammy Latino. Como foi trampar junto com um peso pesado da indústria da música?

– O Arthur trabalhou no EP Chaos também, mas nesse disco gravamos, mixamos e masterizamos com ele. O Fil (El Lif Beatz) fez a direção musical e meu mano Finha fez a capa. O Arthur é um amigo nosso já. Fora todos os trabalhos que ele fez com a Pirâmide e tantos outros artistas, o cara é foda.

Na faixa “Minimalismo” você faz críticas ao capitalismo e ao consumo desenfreado das pessoas. Mas, no rap, há um certo estímulo aos jovens para que consumam roupas de marca, o tênis do momento, etc. Como você enxerga estes dois lados?

– Foi justamente o ponto que queria expor. Somos todos muito consumistas, mas no rap isso é exageradamente visível. Essa faixa fala mais sobre você manter um equilíbrio do que você realmente parar de consumir. Minimalismo quer dizer menos detalhe, ou coisas que são de fato mais simples e têm tanto valor quanto ao contrário. Na arte hoje em dia isso é muito bem usado. Tenho um texto gigante sobre essa faixa que não caberia nessa resposta, mas basicamento é isso, haha.

Você continua a grafitar e a trabalhar como designer? Como estão estas outras atividades?

– Esse ano sai uma collab com uma marca de street wear (Wanted). Foi o último trabalho como designer que fiz, por enquanto tô focado em escrever mais do que editar ou desenhar, mas se for preciso eu faço também.

O título do disco parece até uma previsão, se pararmos para analisar o atual momento da sociedade. Foi proposital, ou a escolha do nome foi feita antes da pandemia?

– Foi feita antes desse caos todo que estamos vivendo. O título quer dizer que o disco inteiro é imprevisível. Cada faixa tem seu estilo e tema, isso deixou o disco bem dinâmico. Tudo pode acontecer é uma frase que resume bem a minha vida ultimamente, hahaha, filho disco, rap e quarentena.

Se pudesse mostrar o disco ao GZA e trocar uma ideia com ele, sobre qual assunto vocês conversariam?

– Hahaha, não faço ideia! Acho que pra época que o Liquid Swords foi feito, ainda mais lá fora acho que ele não entenderia muito o estilo do disco. Agradeceria pelo show que ele fez no Viaduto de Madureira, que eu fui e foi muito foda.

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