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Buscando reencontrar música baiana na música rap, Eldo Boss lança disco ‘Rebaianizar’

Um disco para resgatar e ressignificar a música rap baiana. Proposta ousada? Talvez! Mas nada que desmotive Eldo Boss em seu desejo de construir canções com elementos do rap e da musicalidade baiana. ‘Rebaianizar’ é o verbo que traz a ação do músico em seu novo disco, numa tentativa de resgatar o rap soteropolitano dos anos 90 das influências sulistas da década atual.

Esse é o primeiro disco de Eldo Boss como rapper, e ele deixa claro o conceito trabalhado nas seis faixas de ‘Rebaianizar’: falar sobre dramas, crônicas e narrativas soteropolitanas utilizando como base instrumentos orgânicos e digitais que traduzem a cultura musical baiana. O trabalho, como ele define, é “um grito contra esse padrão estético que desejam encaixar a baianidade”.

Esse conceito é possível ser visto em faixas como ‘Avião’, uma versão sobre o trabalho dos aviãozinhos do tráfico em cima do ritmo hardcore – muito presente na cultura underground de Salvador-, e na música ‘Baiano não é brincadeira não’, onde ele utiliza como base um sampler da música ‘Deus e o diabo’, de Caetano Veloso, para narrar a vivência e característica dos baianos.

– “O disco é um grito contra esse padrão estético que desejam encaixar a baianidade, comportamento e diretrizes. Devemos fugir de todas as condições, tomar conta do nosso espaço e nos reconhecer nele”, comenta Eldo Boss.

Além de Caetano, o disco ‘Rebaianizar’ trabalha também o sampler de músicas de Dorival Caymmi e Camisa de Vênus, todos extraídos diretamente de discos de vinil para, assim, preservar a roupagem ‘crua e suja’, como bem descreve o artista. Toda a produção do disco, inclusive os samplers, é assinada por Marcelo Santana, da AquaHertz Beats, que é especialista em música baiana e eletrônica.

Outra característica interessante do novo disco de Eldo Boss, essa invisível aos ouvintes do disco, é a participação do músico na produção orgânica das faixas. Ele aparece tocando guitarra, violão, cavaquinho e Derbak – instrumento de percussão tradicional na música árabe. E é com essas experimentações e ousadia que Eldo Boss tenta reencontrar a cultura baiana na música rap, ou, melhor dizendo: ‘Rebaianizar’.

Natural do Rio de Janeiro, o cantor e compositor Eldo Boss morou em diversas cidades até chegar a Salvador. Na capital Baiana desde os 20 anos frequentou a cena underground da cidade. Começou a cantar com 16 anos em bandas da escola, mas foi aos 17 que entrou em uma banda estruturada de HardCore. Com o nome de registro Eldo Luiz, o artista acrescentou o ‘Boss’ ao nome após ser apelidado por amigos assim O nome foi dado por ele sempre acreditar em tudo o que fazia e como estava à frente de tudo, os bastidores e até mesmo o público logo o apelidou de Boss.

Entre suas referências musicais, se destacam grupos como Racionais MCs, Apocalipse 16, Dj Alpiste, Gabriel Pensador, Beastie Boys e Facção Central. Além dos grupos de rap, ele lembra também bandas como Planet Hemp, Rage Against the Machine, Red Hot Chili Peppers, P.O.D, Flow de Zack de la Rocha e Ad-Rock.

Como ambição para a carreira, ele busca sempre profissionalizar o trabalho, além de manter o máximo de qualidade e buscar parcerias musicais. O EP ao fim do ano promete ser um grande registro oficial de sua carreira.

Aspas Eldo Boss

– “Depois de anos se espelhando na música produzida em escala, principalmente do sul/sudeste do país, a rebaianização do estilo é uma questão urgente. Resgatar dramas, crônicas, narrativas que falem do seu território é crucial em nosso tempo para uma identificação enquanto espectadores desse cenário”

– “As canções foram feitas para dialogar entre paralelos entre o corpo e seu funcionamento e cidade como organismo vivo, e como nós, enquanto fluidos e cidadãos, estamos inseridos nisso como indivíduos pertencentes e representantes desse espaço”.

– “Você conhece sua cidade? O que urge como violência nas periferias? Como seu corpo e visual são expostos, preso a rótulos por causa do seu organismo citadino? Como posso tratar isso dentre amores e vivências sociais de forma sadia? Tudo isso avança nos elementos do rap tradicional, da conduta de padrões atuais que o mercado tenta reproduzir padrões”.

Confira:

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