Apollo lançou no mês de novembro o single “InConsciência Negra” o tema do som é o racismo e a letra é quase autobiográfica, afirma o rapper. O single chegou em até na Angola e na África.
Trocamos uma ideia com o Apollo, e ele contou em primeira mão pra nós do CanalRapRJ tudo sobre seu trampo.
P: Por que o nome “Apollo, o Poeta” ?
- Antes de ser MC eu só fazia poemas, sem as melodias e sem o flow, isso me caracterizava apenas como poeta.
Quando decidi transpor meus poemas pro ritmo do Rap, eu senti a necessidade de um nome que me representasse fielmente, e eu sou simplesmente isso, um poeta.
Como ja temos outros Mcs com o nome Apollo, foi uma maneira interessante que encontrei de me distinguir.
P: Em seu primeiro single oficial “Centauro Alado” você cita o Mc renomado Fábio Brazza, e em seguida tem um áudio pessoal dele pra você elogiando seu trabalho, como isso aconteceu?
- Eu estava numa fase difícil, e ouvir o Brazza me inspirou bastante. Eu publicava poemas, e tive a sorte que ele assistisse um deles e gostasse, foi quando ele comentou meu vídeo e me mandou um áudio incentivando. Aquilo pra mim foi o máximo, e decidi usar o áudio dele na minha primeira faixa.
“Centauro Alado” faz referência a música “Centauros” do Brazza, e contém intertextualidade com “Odin”, do mesmo artista.
P: No seu segundo single “InConsciência Negra” você descreve algumas situações de racismo, você realmente foi chamado de babuíno pela professora?
- “InConsciência Negra” é quase auto-biográfica, a maioria das coisas que falo nela é pessoal, algumas pessoas disseram que da pra sentir isso na minha voz.
A história do babuíno é verídica, foi na pré-escola, eu nem sabia na real o que era um babuíno. Mas quando cheguei em casa e contei pra minha mãe ela me disse que era uma espécie de macaco e só aí entendi.
E de fato já fui barrado na conveniência de um posto, já tive somente a minha bagagem revistada pelo motorista de um ônibus, e passo o constrangimento que qualquer preto passa ao entrar em uma loja qualquer em um shopping.
P: Na sua faixa demo “Vidas Negras” você diz a seguinte frase “O homem branco é a desgraça na Terra” você realmente acredita nisso? Não pode ser acusado de “racismo reverso”?
- (risos) Quando eu digo o “o homem branco”, eu me refiro ao termo utilizado pelos livros de história quando citam os bárbaros que escravizaram os negros e mataram os índios.
Não é uma crítica específica a uma pessoa branca, mas uma crítica aos que construíram o mundo que vivemos hoje na base da exploração e morte de pessoas não-brancas.
P: Você acredita em Racismo Reverso?
- Porra nenhuma. O racismo vai além da discriminação da cor da pele, ele vem do histórico de mais de 300 anos de escravidão no Brasil. Como alguém pode dizer que sofre racismo se é branco? É o negro que é discriminado desde a infância, do cabelo ao tamanho do nariz, a ser confundido com bandido e subjugado diariamente, nascido muitas vezes de uma condição desfavorecida.
P: Próximos trabalhos?
- Vamos lançar até Março 2021 o E.P “A Revolta da Raça”, produção do @wara.prod e com o tema 100% focado na escravidão e os reflexos dela nos dias de hoje.
P: Quem quiser te ouvir?
-Quem quiser ouvir na faixa é só acessar meu site: www.apollopoeta.com lá tem também os links pra todas as plataformas, Spotify, Deezer, Amazon Music.
Meu Instagram é @apollopoeta, segue lá.