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Conheça o selo “Elenco” e seu recente lançamento “Dry”.

Quando um Selo finalmente estreia e entrega um trabalho digno de méritos, é bom continuar de olho nos artistas. Como se pode comprovar, o selo ELENCO já está em campo e somando com o cenário artístico do rap, e a nova proposta que surgiu com os artistas Mayer, Bmad, Rare, MRL e LHP reafirma a destreza musical de cada um deles.

Neste primeiro lançamento — servido por um excelente instrumental e audiovisual —, percebe-se que esse time forneceu um palco de qualidade, com atenção redobrada nos mínimos detalhes. É interessante notar que em “DRY”, a individualidade de cada artista foi mantida, mas muito bem encaixada no percurso do som. Logo, fica evidente que com a formação desse Elenco, estes manos, terão provavelmente as ideias mais amplas no nosso panorama musical. Mas, ninguém aqui é novato: Mayer, Bmad, Rare, MRL e LHP são vozes conhecidas pelas ruas de Manaus, e esse artigo é justamente um cartão de visita para você conhecer/entender o selo ELENCO. Confira:

MAYER HERRERA

Se você nunca ouviu esse mano, minhas três primeiras indicações seriam essas: Convites da Carne (2018), Reginaldo Rossi LoveTapeVl.1 (2021) e Cidade Tropical (2021). É um caminho audacioso para você entender a mudança nada sútil desse artista. Passeando por diversos ritmos, Mayer é daqueles artistas que não fica estagnado em uma só sonoridade. É como se, por mais que o ouvisse, ainda há espaços para novas descobertas, já que ele sempre será compatível com novas batidas.

Em “DRY”, Mayer saiu totalmente da sua zona de conforto (se é que um dia ele esteve nela). Minhas apostas é que Mayer estava esperando o momento ideal para esquecer um pouco dos tons suaves e alimentar os versos com rimas nada cautelosas.

BMAD

A coerência musical trazida por Bmad em “DRY” é energia pura, e é impossível ouvir e não se surpreender com o talento e criatividade. Certamente, Bmad é daqueles nomes que devemos ficar atentos a cada lançamento.

RARE

RARE é um artista de agradáveis surpresas. A começar com sua incrível habilidade de entregar versos certeiros e incorporar as próprias vivências em suas rimas, somando ainda com seu incrível lirismo, mostrando uma habilidade nata ao simplesmente cantar, assim como foi em Marfim (2020).

Tempo e dinheiro são abordagens bastante características de RARE. Ainda que pareça materialista, em DRY, o artista fala de um estilo de vida louvável, fruto da sua disposição e correria. E, se a qualidade do trabalho de RARE é cativante por si só, nos sentimos imersos em seus tons e na força da sua arte.

MRL

Há um quê de raridade na pose despojada e o jeito despretensioso de rimar do artista MRL, que sabe muito bem variar o andamento das suas ideias sem a gente nem notar. Literalmente, é um artista que não para de correr e encontra equilíbrio em meio às cinzas (2020). Todo o potencial de MRL de entregar um trabalho rico, é feito em seus lançamentos. Tudo acaba sendo incrivelmente comunicável, desde as palavras até a entonação que as ganha.

Em “DRY”, as composições de MRL pulam, sem cerimônia, por diferentes assuntos e vão de criticas sociais ao foco no rap. A arte de MRL consiste em dialogar justamente com todas essas referências. O formato nada convencional das suas rimas, com toda certeza é o que faz MRL ser um artista diferenciado. Seus versos em “Dry” é mais uma prova de como o rapper consegue se destacar.

LHP

LHP antes de tudo, é um artista completo. Fatos que sempre observo em um artista, é como ele mantém a postura e garra do início ao fim em um som. No caso de LHP, o rapper mostra isso nos detalhes, mesmo que em curto tempo. Em “DRY” por exemplo, a sua lírica e abrasividade desenvolve um papel super importante ao fechar a faixa. LHP apostou em versos significativos somados a uma entrega real.

Inteligente, sabe se portar e envolver o ouvinte. Seus toques plurais nas composições já foram vistos em outros lançamentos, como “Eis-me Aqui” (2020) e “Canção” (2021). Em “Dry”, o artista supera as expectativas com a levada frenética e a sensação de atingir a faixa em cheio.

ELENCO

Quando se trata do ELENCO, é óbvio que estamos falando de um time completo, formado não só por Mayer, Bmad, Rare, MRL e LHP, mas também por Victor VL, Didiê, JD (MCs), Raul Perigo, Ruan Fogo e Thiago Cunha na produção executiva, e desta forma, o público pode esperar muito mais trabalhos de peso, com estilo e estética autêntica.

Se você ouviu alguns desses manos, sabe muito bem do que estou falando, mas se ainda não teve contato, agora é a hora. Confira em todas as plataformas digitais o mais novo lançamento “DRY” do selo ELENCO, e audiovisual disponível no canal do selo.

Há tempos que os artistas do Norte vem se destacando pelo apuro técnico evidente e conceitos bem delineados em seus lançamentos. Mesmo que a falta de visibilidade ainda seja um fator predominante, esse forte profissionalismo por parte de muitos manos do cenário nortista já estava predestinado. Tem os que se desafiam em diferentes estéticas, — seja para criar algo novo ou para reproduzir uma sonoridade que já conhecemos — e aqueles que projetam o seu caminho artístico degrau a degrau, estando assim um passo à frente para colher os frutos. E já que estamos falando de novas apostas, a formação do selo ELENCO foi o que posso considerar como uma das melhores surpresas para o ano de 2021.

A produção arquitetada majoritariamente pelo selo Elenco apresenta diversas facetas, além do exímio videoclipe, somos contemplados com versos que definem muito bem o clima de ambições e identidades, sem cair no “modismo” da ostentação. O time constrói uma sinergia viva, evocando o que há de mais pessoal nas composições, sem abrirem mão das suas principais referências.

Criativos e matemáticos, partem de compassos musicais pouco usuais e é através dos loops e levadas que Mayer, Bmad, Rare, MRL e LHP, se diferenciam do que já estamos acostumados a ouvir. Esse trabalho é a confirmação de que os artistas tinham plena consciência da potência rítmica transformada em “DRY”.

A identidade visual e sonora de DRY

O videoclipe é uma viagem noturna, intercalada por imagens quentes e frias, que mantém o telespectador com os olhares atentos em cada plano construído pelo editor/designer Thiago Cunha, e contribuições nas imagens por Raul Perigo e Ruan Fogo. Não é apenas como tudo se organiza, mas como é comprovado a qualidade a cada segundo.

A mescla de uma estética que não chega a ser psicodélica, mas que apresenta referências, tem aquela eletricidade inata com o objetivo de explorar uma miríade de sensações. O projeto inteiro tem esse tom, cores fortes e perfomances estonteantes, e toma passos para além de uma mera reprodução, aliás as escolha dos elementos visuais autenticamente em consonância com a estética do Trap, validam a chegada em boa hora desse elenco.

O instrumental também se mostra com um dos grandes acertos desse lançamento. Com produção de RVL$, o beat mistura uma bateria quebrada com dois 808 (o principal 808 é entregue de forma seca, e o segundo 808 de grime para trazer um aspecto de lead), dando à track uma ambientação energética. Méritos devem ser dados ao beatmaker, que ressaltou o poder da faixa com a resolução apresentada no instrumental, e em especial aos artistas que fizeram um paralelo com as suas líricas precisas em conjunto com o conceito do beat. Soa tão bem pensado quanto único.

Muito mais do que esbanjar o que sabem fazer, o selo ELENCO se posicionou da melhor maneira possível, e cito isso analisando a linguagem que o selo carrega.

Matéria por: RapForte

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