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GuaiaMoons lança álbum de estreia; misturando rap, rock, maracatu e mais!

GuiaMoons é um interessantíssimo duo formado por Mc Mãe e Bernardo Massot, ambos cariocas radicados em São Paulo. Neste dia 5 de abril foi chegou em todas as plataformas de streaming o álbum de estreia.

O projeto que carrega o nome do duo tem uma sonoridade que é possível identificar muitas vertentes e estilos, indo do boombap ao trap, e ritmos regionais brasileiros como o maracatu e a guitarrada do Pará. Elementos caiçaras inserem-se no contexto cosmopolita com batidas eletrônicas, instrumentos orgânicos, raps, melodias e participações ilustres. O disco de 12 faixas teve sua produção iniciada em 2018, de modo calmo e natural, começou a ser apresentado em forma de singles em 2020. Em relação a feats, temos a ilustre presença de Cert (ConeCrewDiretoria), Dedeco (Dibob), Lia Sophia e Sheep Rimador.

Vítor, membro do Canal RapRJ, trocou uma ideia com os artistas sobre suas experiências com este projeto. Confira:

Vítor RapRJ: Em tempos que se fala muito de nicho, com artistas focando muitas vezes em apenas um subgênero do trap, este projeto é bastante amplo. Qual seu intuito comercialmente e artisticamente falando? gostaria que falasse também sobre se acha um problema alguém se fechar em um nicho.

Mc Mãe: Não vejo problema nenhum, admiro um artista que se debruça sobre uma determinada cultura e se dedica a ela exclusivamente, podendo se aprofundar, pesquisar e propor uma arte específica, mas tenho uma inquietude nesse aspecto pois sempre transitei por lugares e tribos diferentes. No Rio o pagodeiro, o rockeiro, o rapper e o funkeiro se encontram e se influenciam de várias formas. Desde pequeno era bem eclético pra música.

O meu intuito na música sempre foi calar os meus fantasmas internos, buscando conexões com as pessoas, lugares de encontro entre os diferentes. Comercialmente, quero botar o meu bloco na rua, fazer shows, fazer música boa com boas sonoridades e bons conteúdos para eu ter o que ouvir no meio de tanta música ruim. Claro que tem pessoas fazendo lindos trabalhos e gosto muito de pesquisar, mas a música pop e o rap têm sido muito influenciados pela nova forma de se consumir música: na correria. Difícil captar a atenção das pessoas se está todo mundo com pressa ou com um celular na mão rolando a timeline pra ter mais uma dose de dopamina. Sinceramente, eu gostaria de estar alcançando mais gente, mas artisticamente não deixo isso influenciar o meu trabalho pois tenho uma relação totalmente espiritual com a música…ela me chama e eu vou.

Vítor RapRJ: Ainda sobre versatilidade, é um projeto que se vê muita brasilidade. Poderia me citar quais artistas mais te inspiraram para chegar nesta sonoridade?

Mc Mãe: Esse disco eu encaro como uma homenagem aos 30 anos de manguebeat. Não exatamente o som, mas sim a sua proposta. Quase todos os instrumentais do disco tem uma mescla com algum ritmo regional, como a guitarrada, o carimbó, capoeira, funk e claro, maracatu. Acho que essa cena do mangue não é apenas aqueles artistas mais conhecidos dela e sim uma massa de gente que foi influenciada e se transformou através da reverberação daquela manifestação. Poderia citar o Chico Science e Nação Zumbi, Mundo Livre S/A, Rappa, Planet Hemp, Sublime, as trilhas sonoras de Tarantino, BaianaSystem dentre outras várias.

Vítor RapRJ: Conte um pouco sobre sua conexão com Bernardo Massot, assim como a curiosidade de ambos ser cariocas radicados em SP. Como vê a diferente de sonoridade das duas regiões do país?

Mc Mãe: A gente se conhecia de vista mas se aproximou fazendo aula de Trilha Sonora para o Cinema com o Davi Tygel (do Boca Livre) e começamos a trabalhar juntos frequentemente fazendo música para publicidade desde 2007. Fui morar em SP trampando com trilha sonora para teatro…e depois ele foi trabalhando com uma grande produtora de áudio que tinha um estúdio fodaço! Quando vagava alguns horários ele me ligava e eu corria lá pra gravar, A produtora fechava e a gente se trancava com um engradado criando as músicas. Eu vi várias cenas maneiras de música lá os SoundSystem de reggae na rua, os sambas de mesa nos botequins, tem muitos Sescs com ótimos shows e preços acessíveis… O que mais me chamou atenção é o profissionalismo que rola lá até em casas de pequeno e médio porte…o que dá espaço pra milhares de artistas independentes de rock, mpb, rap e projetos alternativos. Tem casa pequena que dá 50 pessoas e o contratante tá sorrindo. Esses festivais grandões acabam chamando os mesmos artistas de sempre…é maneiro mas é uma merda! Kkkkkk Essas casas de médio porte fazem muita falta na cena do RJ. Quanto a sonoridade é muito plural como aqui é também! Tem de tudo… SP é nossa Nova York brasileira, onde tem gente do mundo inteiro, mais nordestino que qualquer capital do Nordeste, maior colônia do Japão, Libânia, da Itália…só pra começo de conversa… é gente do Brasil e mundo todo tentando ganhar a vida lá. Por isso a competição é sinistra! Não é a toa que a gíria correria veio de lá rs.

Vítor RapRJ: Como produtor, como buscou tais referências de sonoridade para chegar a instrumentais tão legais. Conte um pouco sobre seus produtores preferidos, mesmo que a estética sejam distantes desta obra?

Bernardo Massot: Primeiramente, que bom que curtiu! Rs. Inicialmente a gente não tinha referências fixas e nem nos apegamos a estilos, porque a ideia era explorar de forma bem livre e encontrar a sonoridade naturalmente. A única coisa que eu sempre quis foi a de juntar a estética do rap com um processo musical parecido com banda, seja em estrutura de música, instrumentação e até mesmo virtuosidade nos instrumentos quando ela fizesse sentido dentro da música. Nesse processo, a música que mais nos agradou esteticamente foi Mangue, em que conseguimos unir as duas pontas e a partir dela fomos buscando a sonoridade e adaptando ao que cada música pedia. Talvez por ter iniciado o álbum sem uma linha de chegada definida, as músicas ficaram tão diversas, mas de alguma forma elas estão conectadas em alguns traços comuns.

Vítor RapRJ: Nos dias de hoje vemos o rap, principalmente a vertente trap, bastante genérica tanto nos instrumentais quanto nos flows e letras. O que você acha disso e como um produtor e mc deve se posicionar e manter relevância neste mercado tão volátil?

Bernardo Massot: Como toda indústria, as fórmulas fazem parte do mecanismo e do negócio, o que muitas vezes engessa os artistas dentro de padrões. Ao mesmo tempo, acredito que o artista está sempre em uma jornada e que sua evolução depende de muitos fatores e interesses, tanto dele mesmo como das pessoas que trabalham com ele. Muitos artistas começam com beats mais genéricos por falta de acesso ou conhecimento mesmo e ao longo do tempo eles encontram as ferramentas para construir algo mais único e com sua personalidade, ou então ficarão mais propensos a modismos e acabam esquecidos depois de algum tempo.

Vítor RapRJ: Como foi trabalhar com o Mc Mãe, um artista versátil e que caminha em diferentes gêneros musicais?

Bernardo Massot: Mc Mãe já era um amigo desde a faculdade fizemos muitos projetos na Publicidade, o que nos deu intimidade no âmbito pessoal e musical. Sua versatilidade, em princípio, foi algo que deixou menos objetivos, já que muita coisa era possível. Com o tempo, a experimentação foi apontando os caminhos que nos agradavam mais e assim fomos moldando e criando. No final do álbum por exemplo, foi mais fácil compor, porque limitamos algumas funções, processos e temáticas. No final das contas, os muitos encontros regados a amizade e conversa foram cruciais para desenvolver o projeto, que inclusive teve várias etapas produzidas a distância, em que nos organizávamos em tarefas independentes e depois juntávamos as peças.

Ouça Guaiamoons:

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