Entrevistas

Em entrevista exclusiva, Thai Flow fala sobre o single Herege, novos projetos e influências

A cena feminina do rap nacional está pegando fogo esse ano, várias minas talentosas tem conseguido atingir números astronômicos e colocados suas artes em novos ouvidos. Longe do mainstream há muito talento que merece atenção, uma das grandes promessas é Thai Flow, artista que caminha entre batalhas de rimas, slam e músicas propriamente dita, fazendo todos com maestria. Vitor Virax, membro do Canal RapRJ trocou uma ideia com a artista sobre suas influências, visões de mundo e novos projetos, confira:

Vitor Virax: Vejo que você se posiciona – artisticamente – um pouco diferente das meninas da cena, sem rótulos, você saberia definir qual mensagem quer deixar, para sempre ?

Thai Flow: Acho que todo ser é único, tentar se igualar só trás mesmice e em relação á luta nada muda, eu prezo equidade, prezo respeito independente de qualquer cor, raça ou crença. Quero que todo ser que curtir minha arte entenda que somos únicos e só nós temos as respostas pras nossas vivências, eu só trago possibilidades!

Vitor Virax: Vejo que você traz muita ancestralidade e espiritualidade, tanto no flow como nas letras e temáticas, conte-nos um pouco destas influências.

Thai Flow: Eu acredito que mágia é palavra, então tento ter o máximo de cuidado pra atrair sempre coisas boas e evolução pra mim e pra quem tá ao meu redor. Venho de uma mistura de Cristianismo, Umbanda, Paganismo, de tudo tiro como referência que não importa o que cremos apenas temos que crer e respeitar o que é divino ou seja nos respeitar entendendo que nada é acaso.

Vitor Virax: Vivemos em “tempos de trevas” no rap nacional, fãs e rappers de extrema direita e pensamentos ortodoxos tem ganhado holofotes e propagado ideias erradas. Conte-nos um pouco sobre o single Herege, como foi realiza-lo, qual sua proposta e a resposta do público sobre o mesmo.

Thai Flow: Concordo contigo que vivemos tempos de trevas, mas diria que não é só no rap e sim na sociedade em geral. Vivemos em tempos difíceis e pessoas que estão “desligadas”, se apagam no que vêem, ou seja, no caos. O que quis trazer no Herege é justamente abordar este caos, eu não critiquei a igreja e sim falsos pastores, pessoas que usem Deus como forma de conseguir vantagens pessoais, cometendo pecado. Como tudo na vida, tem pessoas a favor e contra, alguns entenderam e outro não. Outro ponto bastante importante que trouxe no som, é a dualidade, todos nós somos Deus e Diabo, devemos entender isso e usa-lo com equilíbrio.

Vitor Virax: Conte-nos um pouco de como foi sua passagem e experiência nas batalhas e slam, podemos dizer que são estilos “diferentes” do “esporte rap”. Qual seria a melhor coisa que você carrega destas e qual sua opinião da popularização de rimas chulas e de baixo calão nas batalhas, colocando a “ideologia” em segundo plano ?

Thai Flow: Ao meu ver tudo é ideologia, mal ou bom. Acho que foi extremamente importante para mim participar destes eventos, assim como tudo na vida, foi um momento importante para eu aprender diversas coisas no que tange poesia e rap. Acho que o slam, hoje em dia, é mais interessante por ter uma maior cobrança de uma mensagem e um conteúdo, não bastando ataques engraçados e muitas vezes chulos para derrotar o seu adversário.

Vitor Virax: O que está por vir ? Está trabalhando em algum álbum, EP ou afim ? Conte-nos um pouco dos seus próximos passos artisticamente falando.

Thai Flow: Eu fechei um com projeto muito grande chamado WRM, não posso revelar no momento no que consiste mas muito em breve todos vocês estarão ligados. Eu estou com um EP engatilhado e como assinei com a WRM irei adiar um pouco o lançamentos, mas neste meio tempo, realizarei músicas colaborativas com muita gente como Diomedes Chinaski, Nabrisa, Sagaz e mais.

Vitor Virax: Não só eu, mas muitos acreditam que os próximos nomes que farão “revolução no rap” serão mulheres. Neste sentido, como você definiria a óptica e visão de mundo das mulheres no rap e quais “irmãs” você arriscaria dizer que serão os próximos nomes em ascensão ?

Thai Flow: Essa pergunta é complicada, posso ferir egos, mas acredito que os homens se acomodaram e ficaram apertando o “replay” com o mesmo papo enquanto as mulheres vem há muito tempo trazendo inovações, elas cansaram de não ser escutadas e hoje felizmente estão em ascensão. Nomes que acredito muito são Negra rê, Aika Cortez e Drika Barbosa. Agora a visão de mundo é muito estranho de descrever, não nasci homem para saber a diferença, mas acredito que temos um viés mais sutil, mais delicado.

Vitor Virax: Muito obrigado por essa saudável troca de ideia e informações, espaço livre para considerações finais!

Thai Flow: Eu que agradeço Virax e Canal RapRJ, é sempre bom poder mostrar um pouco da nossa visão né ? Algo que gostaria de trazer aqui é que ninguém é igual, não deveremos lutar por igualdade e sim equidade, todos nós devemos nos respeitar sim e respeitar principalmente a diferença, é impossível de sermos iguais, cada um é um mundo. Acredito que devemos olhar a anarquia com outros olhos, as pessoas rotulam como algo utópico e ao meu ver não é, todos nós podemos ser líderes, se treinarmos e nos prepararmos, conseguiremos um mundo muito melhor sem a dependência desse Estado que só nos prejudica.

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