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“Não sou gaúcho. Sou sulista e não tenho orgulho demais disso, não”. Confira nossa entrevista com Zudizilla

Experiente, resiliente e talentoso. Nascido em Pelotas (RS), Júlio Cesar Correa Farias, ou simplesmente Zudizilla, figura entre os nomes mais aclamados do dito “underground” há um bom tempo. Pelo menos desde 2013, quando lançou a mixtape #LUZ.

Ele agora reside em São Paulo, onde produziu seu último trabalho, Zulu Vol. 1 : De Onde Eu Possa Alcançar o Céu Sem Precisar Deixar o Chão, que teve um baita time de produtores, incluindo DJ Nyack e Willsbife. A única participação ficou por conta de Manoela Fortuna, na faixa Sem Distração.

R: Batemos um papo com o MC de 34 anos, que antecipou algumas novidades, falou sobre a vida na maior cidade do país, a identidade sulista e muito mais. Confere aí!

–  Depois de lançar Zulu Vol. 1, quais os próximos passos a curto prazo? Planeja videoclipes, novos singles?

R: Tem mais um clipe pronto, começo a produzir mais um esse mês acredito e outro início do ano de 2020. Eu não sou um cara que solta muito singles, mas talvez saia alguma coisa do volume 2, esse volume 2 vem em um formato bem maneiro mas só posso dizer isso dele. E vou ter condições de levar esse show do volume 1 pra vários pico maneiro do Brasil.

– Qual a origem do nome Zudizilla?

R: Eu mandava músicas pra um amigo meu, o Juliano Drummond, e um dia ele escutou uma track e se impressionou bastante com ela. Utilizou o termo monstro pra definir e disse que eu era tipo um Godzilla africano, um Zuludizilla, UM ZUDIZILLA. Achei um nome trabalhável kkkk

– Além do rap, você sempre ouviu muito rock, mas, de acordo com uma matéria, em casa os seus pais curtiam samba e MPB. O que você tem escutado ultimamente?

R: Jazz, badroom pop, alguns raps que não saem da lista e beats. Bastante beats. Eu tenho uma queda por hardcore e sempre que possível eu tô ouvindo pra da aquele gás na vida. Mas eu tenho escutado coisas que tocam sabe? Quando tu tá numa fase que não gosta de nada em específico e aí escuta tudo? Ultimamente eu tenho escutado Ana Frango Elétrico que é bem foda.

– Agora morando em São Paulo, que pontos positivos e negativos você ressalta nessa mudança? O que te faz sentir falta de Pelotas?

R: Pelotas é uma cidade pequena onde não dá pra ter duas caras. São Paulo permite um fracionamento maior de personalidade e isso não é nem bom e nem ruim, é só uma constatação. Aqui tem dinheiro e tem espaço, daí se tu já tem um corre sólido de onde tu é, dificilmente tu vá se fuder aqui.
Acho que foda deve ser tipo se atirar sem nada e tal, mas tem gente que faz isso e se dá muito bem também, então é questão de pontos de partida e ímpeto. SP é tão da hora que tem horas que não é. De Pelotas eu sinto falta de quase tudo e de quase todos, mas especialmente da  pluralidade e originalidade sonora e rango. O rango do sul é muito massa mano.

– Para quem vê de fora, o orgulho de ser gaúcho parece muito forte, mais até do que o patriotismo. Mas a valorização dos artistas locais não acontece na mesma intensidade. O que explica isso?

R: Então, pai, eu não sou gaúcho. Gaúcho segundo a Disney é o cowboy da América Latina (tem um desenho do Pateta que descreve assim). Eu sou sulista e não tenho orgulho demais disso não. A nossa luta atual é sobre essa busca por identidade sulista, especialmente de pessoas pretas. Agora os brancos eu não tô ligado. Tem vários que tão nessa mesma meta, mas tem uns que sei lá qual que é. Tem um monte de coisa no mundo que eu não sei.

– O grupo Da Guedes, de Porto Alegre, foi um expoente do rap nacional há décadas atrás. Hoje você é apontado por muitos como o maior talento do rap gaúcho. Você acha que eles deixaram algum legado para o hip-hop do Rio Grande do Sul? 

R: Lógico mano, o fato de tu tá citando eles já denota a importância deles pro estado e fora. Eu amo o corre deles, mas eu tenho outras referências de lá que não tiveram proporção nacional e esses todos juntos pavimentaram meu caminho pra chegar aqui, que na real é só o início.
Eu sou o maior talento do RS porque assim fui feito e tô tentando fazer o corre pros mano de lá ir até mais longe na moral. Fico feliz com o reconhecimento mas a missão é maior do que ser reconhecido. É fazer com que nós mesmos de lá nos reconheçamos. E isso também é um legado do hip Hop, logo de Da Guedes também. Se eles foram então dá pra ir. Mas tem chão. Mas dá.

– Quais rappers do RS e do Sul do país você destaca? E na música em geral?

R: Mano essa pergunta é foda porque o cara sempre esquece de alguém.
De lá do sul eu indico Cachola, Zilla Dxg, Jhonguen, Zombie Johnson, Guido, Pok Sombra, Gabe, Ganti, Bart, Cristal, Nega Jaque e por aí vai catando nos relacionados do YouTube e nos que o Spotify indica que vai vir várias tijolada. A nível nacional cara, eu chapo demais em Vitor Xamã, Makalister, Arit, Eloy, Brrioni, Alinega, Tássia, BK, Djonga, Nego Max, Kayode (Joker), Leall e também Leal (PRMRMNT), Yóun, Jean Tassy e mais uma galera pesadona que certamente tô esquecendo porque essa pergunta é pra fuder o MC.

– A cultura no país vive um momento crítico, com a ANCINE retirando cartazes de filmes brasileiros e o novo presidente da FUNARTE afirmando que o rock leva ao aborto e satanismo. Como o artista pode dialogar com um público que acredite nestas ideias?

R: Não dialogue. Eles que se foda.

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